O BOTO NAMORADOR DO RIO MAIAUATÁ

Ilustração: Railson Wallace

Segundo os moradores antigos, conta-se que uma jovem, muito bonita, recém casada, que morava em frente à boca do rio Caiá, costumava ficar sozinha a noite, enquanto o marido, moreno alto, de cabelos crespos, saia para lancear com o vizinho.

Numa dessas noites de lanceio, a mulher aguardava pelo marido na cabeça da ponte, quando um homem vestido todo de branco, chapéu na cabeça, muito elegante, se aproximou da moça e conseguiu seduzi-a.

De repente, de volta para a casa, o marido encontra o tal homem, vestido de branco, saindo de sua casa. Segundo a vizinhança, os dois brigaram muito e o marido feriu o homem nas costas, que se atirou dentro d’água.

A esposa chorava muito e dizia que tinha sido encantada por aquele homem, que acreditava ser um boto. Mas o marido furioso não acreditou na história e disse que iria devolver a esposa aos pais do mesmo jeito que foi buscá-la.

No outro dia, quando se arrumava para levar a mulher na casa do sogro, uma surpresa: apareceu um boto morto na praia, segundo os vizinhos, com um corte de terçado nas costas.

O marido pediu desculpas a esposa, pois ela foi vítima da sedução de um boto.

O tempo passou e junto com ele surgiu uma gravidez, que deu aquele casal um lindo menino, com características genéticas avessas à do pai. A criança era loira, de olhos azuis e pele muito branca.

Aquele casal tinha consciência que aquela criança foi fruto da sedução de um boto. Dizem que o menino estudou na Vila Maiauatá, Município de Igarapé-Miri/PA e depois foi embora para Belém. 


Fonte: Narrativas Orais Amazônicas: Memória, Identidade, Cultura e Linguagem

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